Com ajuda da parceria de engorda da MFG, em Terenos (MS), pecuarista é pioneiro na região ao apostar no confinamento para aumentar a receita da fazenda em momentos estratégicos
O verde característico das plantas aquáticas em contraste com as cores vibrantes dos ipês e das mais exóticas e variadas flores, araras, tucanos e onças, entre outras centenas de espécies da fauna local, conferem ao Pantanal uma das mais exuberantes paisagens do Brasil.
Mas o destaque não fica somente por conta desta rica biodiversidade brasileira, o bioma também é o berço de um grande polo produtor de bezerros do estado do Mato Grosso do Sul. O município de Corumbá, por exemplo, responde sozinho por 2 milhões de bovinos, quase 11% do rebanho estadual, contabilizado em 18,4 milhões de cabeças, conforme dados do IBGE.
E assim como acontece no restante do país, a categoria vive uma realidade de margens apertadas por conta da virada do ciclo pecuário, espremendo os ganhos do pecuarista pantaneiro, ainda muito dependente de atravessadores para a comercialização dos animais. Pensando em formas de melhorar a receita da fazenda, o criador Gilson Barros, que também é presidente do Sindicato Rural de Corumbá, decidiu inovar.
Em vez de vender bezerro desmamado, como todos fazem na região, o produtor aproveitou a estrutura da MFG Agropecuária, em Terenos (MS), para segurar os animais e engordá-los durante um ano em que as cotações da categoria ainda seguem pressionadas. Segundo Barros avalia, o confinamento surgiu como uma ferramenta importante para o produtor pantaneiro lucrar mais com seu próprio gado.
“Ao invés de vendermos o bezerro, podemos segurá-lo até os dois anos de idade e peso de 350kg, e terminá-lo no boitel. Essa é uma opção para não ficar só na venda de bezerro e de fugir do atravessador”, explica o pecuarista. Foi exatamente desta forma que ele faturou R$ 90 extras por cabeça com o abate de 349 bovinos no Programa Carne Sustentável do Pantanal. Criado em 2018 pela Associação Pantaneira de Carne Orgânica e Sustentável (ABPO), a iniciativa já concedeu premiações na ordem de R$ 12 milhões aos programas de carne orgânica e pantaneira, em 2023.
“Os dados do programa são um indicativo de que o produtor pantaneiro, além de estar de acordo com as regulações ambientais do bioma, tem investido em tecnologias para a melhoria de uma produção quase artesanal, já que são muitos fatores que influenciam na produção de carne, e o produtor precisa ser valorizado”, pontua o diretor executivo da ABPO, Silvio Balduíno.
Barros recebeu bônus de R$ 4,74 por arroba, o equivalente a R$ 90/cabeça. Os animais ficaram 98 dias confinados e foram abatidos na planta do Grupo Marfrig em Bataguassu (MS). “Geralmente, se perde dinheiro ao tentar segurar o animal. Agora, ficando com ele e terminando no boitel, com uma bonificação, você vai aferir ganhos maiores do que se tivesse vendido bezerro”, compara.
O produtor e presidente do Sindicato Rural de Corumbá explica que a preferência por vender os animais ainda jovens ocorre por conta dos próprios desafios impostos pelo Pantanal. “Não tem estradas para tirar boi gordo da fazenda, tendo de viajar três dias até o caminhão. Por isso, é muito estratégico o confinamento, que também pode ser utilizado durante algumas oportunidades do mercado e em outros momentos como quando o fogo atinge um pasto ou a enchente é muito grande”, exemplifica Barros.
Além disso, 70% das pastagens do Pantanal ainda são nativas e, apesar de possuírem menor valor nutricional do que as cultivadas, ajudam a enquadrar os animais no Programa Carne Sustentável. “Para dar certo, fazenda, confinamento e frigorífico devem ser certificados. É a união da cadeia produtiva que proporcionou conceder esse benefício. Hoje, o pecuarista não consegue tirar essa margem de lucro sem o programa. Financeiramente, é um diferencial muito grande”, esclarece Wedener Luiz Dantas Andrade, originador de gado da MFG no Mato Grosso do Sul. A empresa, atualmente, é o único confinamento habilitado no Programa Carne Sustentável do Pantanal.
Prêmios alcançados pelo pecuarista atingem média de R$ 118/cabeça
Do lote de animais que seriam originalmente enviados para o Programa Carne Sustentável do Pantanal, Wedener sugeriu destacar 110 novilhas meio-sangue Angus para abate no programa estadual Novilho Precoce, pois tratavam-se de fêmeas 0 a dois dentes (idade entre 18 e 24 meses), ou seja, animais jovens, com carne macia e ótimo acabamento de carcaça, adquirido após o período de confinamento.
“Desta forma, Gilson abateu fêmeas que pesaram uma média de 16,47@, com 99 dias de cocho, a preço de boi gordo e ainda recebeu mais R$ 6,69 por arroba do Novilho Precoce e outros R$ 6 por arroba do programa Carne Angus Certificada”, detalha o originador de gado da MFG.
O valor do prêmio por cabeça das novilhas foi de R$ 209. Somando-se as premiações dos programas Carne Sustentável, Precoce MS e Carne Angus Certificada, a bonificação média do pecuarista, considerando tanto os machos quanto as fêmeas, foi de R$ 118/cabeça.
Além das premiações acima, Gilson ainda recebeu, graças à parceria de engorda com a MFG, R$ 3/arroba pelo fato de os animais serem enquadrados no programa de exportação da UE, R$ 7,45 sobre o valor do mercado físico da arroba do boi gordo, por ter travado preço (B3, sem custo de ajuste), 200 km de frete gratuito e protocolos sanitário e de rastreabilidade sem custo na entrada dos animais.
- Mais informações sobre a MFG Agropecuária podem ser obtidas pelo WhatsApp “Alô Pecuarista”: (65) 2193-8765. O grupo promove encontros regionais gratuitos para discutir o mercado do boi gordo e IATF.
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