Rio Paraguai atinge recorde em volume de águas e transporte já cresceu 60%

Com 3,92 metros, o nível do Rio Paraguai na régua de Ladário atingiu nesta quarta-feira (21) o maior nível dos últimos cinco anos, conforme dados divulgados diariamente pela Marinha. E a tendência é de que continue subindo até os primeiros dias de julho, o que vai favorecer o transporte hidroviário, principalmente de minérios e soja, que neste ano já aumentou em 60%.

A última vez que rio superou esse patamar foi em março de 2018.  Naquele ano, o pico chegou a 5,35 metros e invadiu boa parte da planície pantaneira.

No ano seguinte, em 17 de julho de 2019 o rio atingiu o mesmo pico desta quarta-feira. Nos anos seguintes, por conta da escassez de chuvas em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, ficou longe disso.

Em 2022, o máximo foi de 2,64 metros, no dia 30 de junho. No ano anterior, o pico nem mesmo atingiu os dois metros. O máximo alcançou em 1,88 metro, no dia 12 de abril.  Em 2020, o nível máximo chegou a 2,10 metros, no dia 8 de junho daquele ano.

Desde o começo de junho o nível subiu, em média,1,5 centímetro por dia, soman 29 centímetros, conforme a Marinha. E, de acordo com Carlos Padovani, pesquisador da Embrapa Pantanal, a tendência é de que o pico de 2023 fique próximo dos quatro metros, pois nos locais de medição rio acima, como Cuiabá, Cáceres e Bela Vista do Norte, a tendência já é de redução.

TRANSPORTE HIDROVIÁRIO

Além de ser salutar para o turismo e o meio ambiente pantaneiro, a cheia do Rio Paraguai é fundamental para a economia de Mato Grosso do Sul. Quando o nível fica alto, o transporte de minérios pode ser feito durante nove ou dez meses do ano.

Nos últimos três anos, contudo, o transporte ficou praticamente suspenso entre agosto e março. Quando a navegabilidade está boa, a partir de 1,5 metro na régua de Ladário, são escoadas cerca 500 mil toneladas de minério por mês a partir de Corumbá.

Porém, com as estiagens dos últimos três anos, praticamente todo este minério passou a ser despachado por caminhões. Isso significou cerca de 200 veículos por dia nas rodovias do Estado, principalmente na BR-262, entre Corumbá e Campo Grande. Em 2018, ano da última cheia, a navegação não precisou ser suspensa nem mesmo em novembro e dezembro.

Mas não é somente o transporte de minérios que é beneficiado pela cheia do Rio Paraguai. As empresas que operam no embarque e desembarque de grãos e açúcar em Porto Murtinho esperam que com o alto nível do rio consigam bater recorde neste ano, despachando até 1,5 milhão de toneladas, principalmente por causa da quebra da safra de soja na Argentina, que está importando grãos pela hidrovia.

No ano passado, foram apenas 300 mil toneladas, sendo que os terminais tem capacidade para movimentar até dois milhões de toneladas por ano. Nos nos primeiros quatro primeiros meses do ano já são cerca de 400 mil toneladas, o que é 371% a mais que em igual período do ano passado.

Na régua de Porto Murtinho, o Rio Paraguai amanheceu com 4,49 metros nesta quarta-feira. É o maior nível desde 2019. No dia 08 de março, porém, por conta das fortes chuvas na região, chegou a 5,94 metros e invadiu dezenas de residência na Ilha Margarida, no lado paraguaio, próximo a Porto Murtinho.

De acordo com o boletim Aquaviário da ANTAQ (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), de janeiro a abril deste ano, Mato Grosso do Sul elevou em 60% o transporte de cargas pela hidrovia, atingindo quase 2,4 milhões de toneladas.  Desse montante, o destaque foi o minério de ferro, com mais 2 milhões de toneladas.

 

 

fonte:antaq

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