Governo Federal promete ‘assentamentos emergenciais’ após pressão do MST

O ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Paulo Teixeira, afirmou neste sábado que o governo prepara um plano emergencial para retornar com assentamentos de terras a partir deste mês. “Serão novos assentamentos em áreas que o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) já possui”, disse ele, em São Paulo, durante a Feira Nacional da Reforma Agrária, organizada pelo Movimento dos Sem Terra (MST). De acordo com Teixeira, será fornecido crédito para a instalação desses assentamentos, além de assistência técnica para o início da produção nos locais.

No mês passado, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) protocolou, no Supremo Tribunal Federal (STF), pedido de liminar para impedir invasões de propriedades em todo o País. Setores do segmento consideram a gestão Lula conivente com atos do MST.

A Feira Nacional da Reforma Agrária expõe a relação de proximidade entre o governo Lula e o movimento. Ministros e o vice-presidente Geraldo Alckmin – que esteve ontem no local – viraram estrelas do evento no Parque da Água Branca, na região oeste da capital paulista.

Desde o início deste ano, além de intensificar as invasões de terra e pressionar o governo a liberar mais recursos para a reforma agrária, o MST organizou ações para nomear aliados nas superintendências do Incra. O movimento garantiu ainda presença no chamado Conselhão de Lula.

‘ARRANCOU A PONTE COM O AGRO’

A presença de Alckmin e de ministros de Lula na feira do MST incomodou integrantes da bancada ruralista no Congresso, aumentando a insatisfação do grupo com o governo do petista. O Palácio do Planalto tenta consertar o diálogo, mas o evento irritou parlamentares ligados ao agronegócio.

“É a fotografia que nós precisávamos para poder provar o envolvimento do governo com o MST nessas invasões de terra”, disse o deputado Evair de Melo (PP-ES), que é segundo-vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária da Câmara, ao comentar a ida do vice-presidente à feira. “O governo arrancou a ponte com o agro e não tem mais diálogo”, afirmou.

Questionado ontem sobre a CPI do MST, o vice-presidente Geraldo Alckmin disse que o trabalho do Legislativo não é “policialesco.” “Sou muito cauteloso com essa história da CPI. O trabalho do Legislativo é legiferante (de elaborar leis), e não policialesco. Já existem muitos órgãos de fiscalização.”

Integrantes da oposição, incluindo parlamentares da bancada ruralista, prometem apontar responsabilidade do governo nos atos ilegais do MST na comissão.

Na terça-feira, Alckmin estará em almoço da bancada ruralista em Brasília. “O governo dá sinais contraditórios e tem vivido certa esquizofrenia com o agro”, disse o deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), vice-presidente da Frente Agropecuária.

 

 

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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