Na busca de um corpo perfeito a Alice, que é como vamos chamar a mulher de 27 anos, que prefere não ser identificada, começou a usar anabolizantes. Ela fala que era muito magra e por mais que treinasse pesado na academia, não conseguia alcançar o resultado que desejava, ou seja, ganhar massa magra o suficiente para se sentir bem.
Os esteroides anabolizantes (EA) são drogas que têm como principal objetivo a reposição de testosterona, deve ser usado somente em casos em que haja um déficit desse hormônio.Trata-se de medicamentos sob controle especial e só podem ser vendidos em farmácias e drogarias, com retenção da receita médica.
No entanto, muita gente costuma usá-los para fins estéticos ou para aumentar o rendimento esportivo, o que é proibido, por causa dos riscos que pode oferecer à saúde. A Alice, jovem que vai dividir sua história conosco, usou a droga mesmo sabendo dos riscos.
Ela trabalha como esteticista e conta que começou a usar as drogas aos 17 anos, quem apresentou os anabolizantes foi o namorado da época, um fisiculturista. Ela sabia que o método era proibido e dos riscos à saúde, mas nem isso a fez desistir da ideia de conseguir um resultado rápido.
Alice usou as drogas injetáveis. Ela conta que fez dois ciclos, um de Durateston, um medicamento utilizado para a reposição de testosterona em pacientes que apresentam baixos níveis desse hormônio masculino e também outros dois do Estanozolou, um esteróide anabolizante sintético derivado da testosterona.
Em um mês a esteticista começou sentir os efeitos, ficando mais resistente para as atividades. Com mais força, em três meses ela havia ganhado 17 quilos de massa muscular. “Ah! Eu fiquei muito feliz com meu corpo, porque eu não tinha bunda, não tinha pernas, fiquei maravilhosa”, declara.
“Às vezes tinha que fazer voz de menininha para disfarçar”
Aliado a mudança corporal os efeitos colaterais. Alice lembra que começou a ficar com espinhas, a voz mudou, ficou mais grossa, começaram a surgir pelos no corpo e o clitóris aumentou “a minha voz ficou igual à de homem, as pessoas que me conhecia sabia da diferença, às vezes tinha que fazer voz de menininha para disfarçar”, completa. A partir desse momento a esteticista resolveu buscar ajuda.
Foram meses em tratamento, mas até hoje, quase dez anos depois, sua voz não voltou ao normal. Quando pergunto se ela se arrepende? Ela diz que não, era o que queria no momento. Acrescenta que faria de novo, mas com orientação médica.
Diante de um aumento exponencial da prescrição irregular desses produtos, o Conselho Federal de Medicina (CFM) emitiu um alerta proibindo a prescrição médica de terapias hormonais com esteróides androgênicos e anabolizantes com finalidade estética. Essa proibição foi publicada em diário oficial e tem o objetivo de endurecer as regras para o uso indevido dessas substâncias. O médico que prescrever indevidamente pode responder processo e ter o registro cassado.
A decisão foi tomada em razão da inexistência de comprovação científica suficiente que sustente o benefício e a segurança do paciente. O CFM regulamenta que a prescrição médica de terapias hormonais está indicada em casos de deficiência comprovada, ou seja, em casos de doenças como hipogonadismo, por exemplo.
Por meio de nota, o conselho alerta para os riscos potenciais do uso de doses inadequadas de hormônios e a possibilidade de efeitos colaterais danosos, como problemas cardiovasculares, incluindo infarto agudo do miocárdio, doenças hepáticas, transtornos mentais, entre outros. De acordo com o CFM, a percepção é corroborada pelas sociedades brasileiras de Endocrinologia e Metabologia, de Medicina do Esporte e do Exercício, de Cardiologia, de Urologia, de Dermatologia, de Geriatria e Gerontologia e pelas federações brasileiras de Gastroenterologia e das Associações de Ginecologia e Obstetrícia.
fonte: cfm