O ano de 2025 passou a ser tratado dentro do governo de Mato Grosso do Sul como um divisor de águas para a saúde pública. Foi quando a transformação digital deixou de ser projeto piloto e entrou de vez na rotina do SUS, com impacto direto na forma de atender pacientes, organizar filas, planejar ações e tomar decisões em todas as regiões do Estado.
A consolidação da Saúde Digital e a inauguração do CIEGES MS (Centro de Inteligência Estratégica para Gestão Estadual no SUS) marcaram esse novo patamar. Juntos, eles simbolizam um SUS mais integrado, baseado em dados e com foco na regionalização da assistência.
Com a regionalização como eixo estruturante, o Estado avançou na integração entre hospitais, unidades básicas de saúde e sistemas de informação. A ideia é que o paciente seja acompanhado em toda a jornada de cuidado, do posto de saúde ao serviço especializado, com menos perda de informação e mais agilidade.
Na prática, isso significou conectar estruturas que antes atuavam de forma mais isolada. Procedimentos, consultas com especialistas, exames e decisões de gestão passaram a circular de maneira mais rápida entre Campo Grande e o interior, encurtando distâncias administrativas e reduzindo o tempo de resposta para os municípios.
Esse movimento ganhou coordenação na Superintendência de Saúde Digital, que em 2025 se consolidou como núcleo articulador das políticas de inovação na SES (Secretaria de Estado de Saúde). A nova sede passou a concentrar o planejamento, o desenvolvimento e a gestão de sistemas que sustentam a digitalização do SUS em Mato Grosso do Sul.
Segundo a superintendente de Saúde Digital, Márcia Tomasi, a mudança é estrutural.
“A Saúde Digital deixou de ser uma pauta setorial para se tornar uma política de Estado. Em 2025, conseguimos integrar tecnologia, pessoas e processos para levar mais eficiência à gestão e mais acesso à população. O foco é garantir que a inovação chegue à ponta, qualificando o cuidado em todos os municípios”, afirma.
Com equipe técnica dedicada, a superintendência ganhou musculatura para apoiar prefeituras, reorganizar fluxos e dar suporte às novas ferramentas digitais, da telessaúde aos sistemas de regulação.
Ao longo do ano, a telessaúde se tornou uma das vitrine da modernização do SUS em Mato Grosso do Sul. Consultas, interconsultas e telediagnósticos passaram a ser oferta rotineira na rede, ampliando o acesso a médicos especialistas sem que o cidadão precise sair do município de origem.
Os atendimentos remotos reforçaram a Atenção Primária, que ganhou mais ferramentas para resolver casos localmente, reduzir encaminhamentos desnecessários e organizar melhor as filas para serviços de média e alta complexidade. Em várias cidades, a telemedicina ajudou a reorganizar a demanda reprimida e a encurtar tempos de espera para determinadas especialidades.
Para Márcia Tomasi, o impacto é diretamente ligado ao princípio de equidade do SUS. “A tecnologia permitiu romper barreiras geográficas históricas. Hoje, o cidadão do interior tem acesso a especialistas que antes estavam concentrados nos grandes centros. Isso é equidade na prática”, destaca.
Com maior autonomia para desenvolver suas próprias soluções, o Estado também passou a responder com mais rapidez às demandas específicas dos municípios, ajustando protocolos, oferta de horários e ferramentas de apoio às equipes locais.
A telessaúde não ficou restrita às unidades básicas. Ela passou a compor o novo desenho da regionalização hospitalar, com foco no fortalecimento dos hospitais regionais e na descentralização de atendimentos de média complexidade.
A criação de “cinturões assistenciais” em torno dos polos de alta complexidade reorganizou fluxos e reduziu sobrecarga em grandes unidades. Com suporte remoto de especialistas, hospitais regionais ganharam mais capacidade de resolver casos na própria região, evitando deslocamentos longos para pacientes e famílias.
Outro marco de 2025 foi a inauguração do CIEGES MS, instalado na sede da Superintendência de Saúde Digital, em Campo Grande. O centro faz parte de um projeto nacional coordenado pelo Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e coloca Mato Grosso do Sul entre os estados que decidiram apostar pesado em gestão baseada em dados.
O CIEGES reúne equipe multiprofissional e infraestrutura tecnológica voltada à análise de grandes volumes de informações da rede de saúde. A missão é transformar esses dados em indicadores estratégicos para apoiar decisões em tempo oportuno e qualificar o planejamento das políticas públicas.
A partir do centro, a SES passa a acompanhar com mais detalhe o desempenho da rede, identificar gargalos, monitorar filas, acompanhar a ocupação hospitalar e medir resultados de programas específicos.
O plano é avançar também em análises preditivas: usar os dados para antecipar riscos, mapear tendências e orientar ações preventivas — como reforço de equipes, remanejamento de leitos ou campanhas direcionadas.
A conexão do CIEGES MS à Rede CIEGES, que reúne outros estados, fortalece a cooperação federativa e permite trocar experiências, modelos de painel e soluções já testadas em diferentes contextos.
Para sustentar esse novo modelo, 2025 trouxe outro avanço importante: a publicação do primeiro protocolo técnico estadual para acesso aos serviços de telessaúde. O documento estabelece critérios clínicos, operacionais e éticos para teleconsultas, teleinterconsultas e teleconsultorias.
A norma orienta os profissionais da Atenção Primária sobre quando e como utilizar a telessaúde, quais informações devem ser registradas, como garantir privacidade do paciente e de que forma a interconsulta com especialistas deve ser integrada ao cuidado cotidiano.
De acordo com Márcia Tomasi, a regulamentação foi decisiva para ampliar o serviço com segurança.“A regulamentação garante qualidade assistencial, segurança jurídica e padronização dos fluxos. É o que permite ampliar o atendimento sem perder o controle técnico e ético”, reforça.
Com o protocolo em vigor, a telerregulação se fortalece como instrumento de gestão, ajudando a organizar a oferta de vagas, priorizar casos mais graves, distribuir melhor a demanda entre regiões e dar transparência aos critérios de acesso.
Ao fim de 2025, o balanço da SES é de um SUS estadual mais conectado, inteligente e integrado. A Saúde Digital, que por anos ficou restrita a projetos pontuais, passou a ser tratada como política estruturante de governo.
Hospitais e unidades básicas se apoiam mais em tecnologia para registrar atendimentos, agendar consultas, acompanhar pacientes e compartilhar informações. Gestores contam com dados em tempo quase real para ajustar estratégias e conversar com os municípios. E o CIEGES MS se consolida como símbolo de uma gestão que pretende tomar decisões menos na intuição e mais na evidência.
O desafio agora é sustentar e ampliar esses avanços, garantindo que a transformação digital permaneça chegando “na ponta”, onde o cidadão é atendido. Mas, para o governo estadual, 2025 já fica registrado como o ano em que Mato Grosso do Sul deu um passo decisivo para ter um SUS mais moderno, organizado e próximo da população.
ses/ms