Com R$ 412 mil investidos, ex-diretor da Apae queria empréstimo milionário para fugir do Brasil

Investigado por desvio de dinheiro público, o ex-diretor da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), Paulo Henrique Muleta Andrade, queria empréstimo milionário para fugir do Brasil. Preso nesta segunda-feira (10) pela segunda vez, Andrade tinha R$ 412,4 mil investidos em conta bancária.

Contudo, o investigado sacou o valor e depositou R$ 411 mil para terceiros. A Caixa Econômica Federal relatou a situação, em 17 de fevereiro de 2025, à Justiça.

Conforme o relato, houve falha sistêmica que impediu o bloqueio integral do valor na conta do investigado. Assim, os R$ 411 mil seguem na instituição financeira, ainda aplicado. Porém, agora em conta de terceiros.

O Ministério Público afirmou que a movimentação financeira realizada por Andrade demonstra “inequívoca intenção de impedir ou, de qualquer forma, embaraçar a investigação e ação penal e de ocultação de patrimônio desviado do erário público”.

Fora do país

Na Justiça, Paulo Andrade tentou autorização para viajar à Espanha para participar de suposto casamento. O Ministério Público lembrou que o ex-diretor da Apae já teria demonstrado interesse em fugir para a Itália.

Neste sentido, apontou mensagens que teriam sido enviadas por Andrade ao contator:

Ex-diretor: “[…] Ver se pego um empréstimo milionário e fujo do Brasil”

Contador: “Rapaz, eu vou te buscar onde quer que esteja!”

Então, Andrade teria convidado o contato para ir junto à Vicenza. “Demonstram inequívoca intenção de fugir do distrito da culpa, notadamente em razão das diversas ações penais que está respondendo na 2ª Vara Criminal da Capital”, defendeu o juiz Robson Celeste Candeloro.

Segunda prisão

Devido à movimentação financeira e suposta intenção de fugir do país, o juiz argumentou que “as medidas cautelares não se mostraram suficientes”. Logo, deferiu a prisão preventiva de Paulo Andrade.

O ex-coordenador foi preso pela segunda vez, após o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) deflagrar a Operação Occulto, na manhã desta segunda-feira (10).

A defesa do ex-coordenador, feita pela advogada Rejane Alves de Arruda, informou em nota,  que irá se manifestar após obter o acesso aos autos, o que ainda não ocorreu.

Conforme apurado, Paulo Henrique está sob custódia do Gaeco, antes de seguir para o presídio.

A prisão ocorre em meio às investigações, iniciadas em 2021, que apura desvios de R$ 8.066.745,25 na entidade. Os valores eram repassados pela SES (Secretaria de Estado de Saúde) para tratamento de pacientes ostomizados. O Gaeco revelou que o então coordenador, juntamente com empresários e agentes públicos, se utilizavam de empresas de fachada para simular vendas para a rede pública de saúde.

A primeira prisão ocorreu em novembro de 2023, durante deflagração da Operação Turn Off, que revelou esquema de desvios de contratos que superam os R$ 68 milhões. A ação também denunciou os empresários Lucas Coutinho e Sérgio Duarte Coutinho Junior, o ex-secretário de educação, Edio Antônio Resende de Castro, além dos então servidores, Thiago Haruo Mishima e Simone de Oliveira Ramires Castro.

Já referente a prisão desta segunda-feira, o Gaeco informou que Muleta tentou obstruir as investigações ao tentar se desfazer de R$ 500 mil para evitar bloqueio. Além disso, o Gaeco afirma que o ex-coordenador pediu cidadania italiana para deixar o país.

 

 

 

 

mdx

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