A produção agrícola vertical urbana no Brasil, que atraiu muitos investimentos em 2021, não se mostrou tão competitiva quanto esperado. Focada na produção de hortaliças e resultando em preços mais altos para os consumidores, além de altos custos de implantação e energia, essas fazendas perderam atratividade para investidores, sendo superadas pela agricultura convencional, conforme o levantamento da WBGI.
Caio Rosateli, da WBGI, explicou que o uso de hidroponia em ambientes urbanos, com controle de umidade, iluminação e temperatura, enfrenta o desafio de custos, já que o mesmo sistema pode ser implementado em estufas por valores significativamente menores. “Enquanto uma alface crespa comum pode ser encontrada por menos de R$ 4,00 no mercado, a mesma hortaliça orgânica chega a aproximadamente R$ 7,00. Uma alface orgânica cultivada no modelo de indoor farming, por sua vez, pode ser encontrada por R$ 14,00”, indica Rosateli.
A diferença de preços evidencia que os produtos da agricultura vertical urbana ainda são pouco competitivos, mesmo em comparação com produtos orgânicos. Em termos de custos logísticos, embora a ideia de aproximar a produção do consumidor pareça atraente no Brasil, é pouco relevante para hortaliças. Isso se deve ao fato de que quase todos os produtores de hortaliças são pequenos e estão localizados próximos aos grandes centros consumidores, facilitando a distribuição. Forti ressalta que, mesmo sendo produtos delicados, a necessidade de transporte refrigerado não justifica o investimento em produção urbana.
Segundo o levantamento da WBGI, trazer o campo para a cidade não é tão vantajoso no Brasil, onde não há problemas com áreas agricultáveis, ao contrário de regiões como o Oriente Médio e a Europa, que enfrentam escassez de recursos ou desequilíbrios climáticos. No entanto, o modelo de agricultura vertical urbana ainda pode ser viável no Brasil em cenários específicos, como cultivos de alto valor agregado ou em regiões com adversidades morfoclimáticas.