Em meio à polêmica sobre o decreto estadual de 2015 que permite o aumento dos desmatamentos no Pantanal, números divulgados pela superintendência estadual do Ibama mostram que as autuações e notificações envolvendo crimes ambientais aumentaram 97% no primeiro semestre deste ano na comparação com igual período de 2022.
No primeiro semestre do ano passado, quando o Ibama ainda estava em meio a “uma gestão negacionista em relação ao meio ambiente, desvalorização da instituição e ingerência política”, conforme testo divulgado pela assessoria da instituição, foram emitidos 140 autos e notificações.
Entre janeiro e junho de 2023, quando “o Ibama retomou seu lugar de excelência na execução das políticas ambientais de competência federal”, a quantidade saltou para 275, o que representa acréscimo de quase 100%.
O valor das multas cresceu um pouco menos, passando de R$ 20 milhões para R$ 34,1 milhões, o que representa alta da ordem de 70%. Entre os principais alvos dos fiscais está a busca por comprovação da regularização de atividades como no comércio de produtos florestais, o que está em consonância com aquilo que voltou a acontecer em todos os estados.
Entre os alvos estiveram empresas de comércio de madeiras com irregularidades no Sistema de Origem Florestal, as quais têm saldo elevado de créditos de madeira sem constar no pátio. Ou, muita madeira no pátio sem constar no sistema, o que significa que ela é de origem ilegal.
Como exemplo, a superintendente do Ibama, Joanice Lube Battilani, cita uma madeireira em Terenos, onde o pente-fino ainda está em andamento, mas parece que “tem muita madeira sem origem”, diz. Além disso, o local, no meio da área urbana, acumula uma série de outras irregularidades ambientas que vinham sendo ignoradas, segundo a superintendente estadual do Instituto,
Além disso, os agentes deram atenção especial a depósitos irregulares de agrotóxicos e, principalmente, a produtos contrabandeados do Paraguai, já que boa parte destes defensivos agrícolas são de uso proibido no Brasil. Pelo menos 12 propriedades foram alvo destas ações, com destaque para lavouras na borda da planície pantaneira, destaca Joanice.
E, de acordo com a superintendente, as operações só não foram mais intensas porque o Ibama está sucateado. Há dez anos, segundo ela, o Instituto contava com 30 agentes de fiscalização. Hoje, são apenas dez e parte deles ainda dedica a maior parte do tempo a atividades administrativas internas.
fonte: ce