O governador Eduardo Riedel deu entrevista ao Poder360 nesta quinta-feira (1º), em Brasília, onde falou sobre a Rota Bioceânica, investimentos do Governo Federal em Mato Grosso do Sul, investimentos privados, política nacional e partidária e muito mais.
Rota Bioceânica
“A rota biocenanica é sem dúvida nenhuma uma construção de muitos anos e décadas, que vai se tornando realidade agora”, afirmou o governador.
Riedel está em Brasília para tratar assuntos relacionados a investimentos no projeto, que interligará o Oceano Atlântico e o Oceano Pacífico por meio de rodovias e ferrovias, e garantiu que o governo federal está priorizando a obra no Estado.
“Um investimento de mais de 150 milhões, com toda a estrutura alfandegaria, e foi isso que nós viemos tratar com o ministro Rui Costa, da Casa Civil, e está andando muito bem, o governo federal entende a importância da rota”, comentou.
O chefe do executivo estadual pontuou que todos os envolvidos no projeto estão “bastante otimistas” com o andamento atual, com previsões da parte paraguaia ser finalizada em 2024, com a ponte no lado brasileira sendo entregue ainda no primeiro bimestre de 2025, “para não ter a história da ponte ligando nada a lugar nenhum”.
Importações e exportações
Riedel também apontou que a Rota facilitaria a importação e exportação de produtos, tornando Mato Grosso do Sul um Hub logístico no Brasil. “A gente tem uma expectativa muito grande de via de mão dupla, e a própria integração da América do Sul, que se faz necessária”, comentou.
Ele ainda ressaltou que existe “um clima de muita motivação pelo o que ela [Rota Bioceânica] vai trazer em termos de integração”
Investimentos
O governador destacou que Mato Grosso do Sul será palco para o maior aporte de investimentos privados do país inteiro nos próximos anos, com um total de R$ 58 bilhões direcionados ao Estado.
Riedel destacou que “esse investimento vem a partir da construção de um ambiente de negócios”. “Investimento vem quando você gera uma relação de confiança, que hoje é o que o setor privado tem encontrado no Mato Grosso do Sul”, completou.
O principal setor responsável por esse aporte é o da industrialização do agro, como plantas de etanol de milho, produção de celulose e várias outras.
“São um conjunto de ações que dão a Mato Grosso do Sul um novo patamar para receber esses investimentos, e no final das contas, isso é emprego, renda, é a roda da economia girando”, comentou.
Carbono neutro e meio-ambiente
Já no tópico de meio-ambiente, Riedel afirmou que a pauta anda de mãos dadas com a economia. “A discussão ambiental, ela não é só uma questão importante, ela é uma questão econômica”, explicou.
Invasões
Riedel defendeu que a situação das invasões e a pauta da reforma agrária precisam ser revistas pelo governo federal, já que o cenário político brasileiro mudou muito desde a concepção do tópico, em torno da década de 1980, e classificou as invasões como “um afronte a segurança jurídica”.
“Retomar essa agenda [de invasões] prejudica o governo […], não cabe mais isso no Brasil de hoje”, afirmou.
Apesar da visão sobre as invasões de terras, o governador defendeu que esse assunto pode ser resolvido com diálogo entre todos os envolvidos. “Tem como sentar na mesa e conversar”.
Assistência social
Quando questionado sobre como o governo de MS lidaria com a questão de ajuda a comunidades necessitadas, Riedel pontuou que essa é uma tarefa que depende de fatores externos, como a economia.
“A economia é que vai ditar essa capacidade, e é por isso que temos que criar um Estado próspero e não deixar ninguém para trás, como eu sempre falo, poder resgatar essas pessoas para dentro desse círculo de prosperidade”, disse o governador.
Ele ainda afirmou que a política pública não pode ser polarizada, e deve atender a todos os que necessitam dessa ajuda do governo do Estado.
Marco temporal
Sobre o Marco Temporal, Riedel defendeu que cada estado deve ter essa situação avaliada de maneira única, já que o assunto varia de local para local.
“O estado cometeu um erro no passado, não o estado de Mato Grosso do Sul, o estado brasileiro, por que ele deu título para produtores, e hoje comunidades indígenas reivindicam aquele território, aquela área”, explicou.
Riedel defende que uma solução seja encontrada logo, para evitar maiores conflitos. “Se não se colocar uma linha de corte nessa situação, até quando vamos seguir nessa situação que gera conflito?”, indagou.
Cenário político do Brasil e PSDB
Riedel finalizou a entrevista falando sobre a situação política do Brasil e de seu partido, o PSDB.
Para o sul-mato-grossense, o governo federal tem a “necessidade de melhorar a articulação política do governo para poder caminhar com a agenda que é necessária para o Brasil”, principalmente no cenário que o país se encontra atualmente.
O governador atribui essa perda de espaço no Congresso Nacional em “função dessa polarização que estamos vivendo, de um debate mais raso, de um debate mais ideológico”, e classifica que é preciso “discutir esse futuro dentro da reforma política que está havendo”.
Quando questionado sobre a atuação de seu partido no cenário nacional e a possibilidade de federações, Riedel destacou que é um desafio fazer essas parcerias sem as siglas perderem suas identidades. “Defendo sim alianças para formar federações, mas mantendo-se essa capacidade do PSDB ser muito legal a suas premissas, suas ações”, finalizou.
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