Em fase decisiva das negociações para o Plano Safra 2023/24, previsto para junho, o Governo Federal já vem anunciando que o foco central do pacote político será o estímulo a práticas agrícolas sustentáveis e alinhadas ao Plano da Agricultura de Baixo Carbono. Em evento internacional nos Estados Unidos no início do mês, o Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, destacou os planos do país de intensificação da produção de alimentos, com tecnologia e sustentabilidade, e tendo em vista a segurança alimentar. Em seu discurso no encontro ministerial AIM for Climate Summit – esfera que debate apoio à agricultura e à inovação dos sistemas alimentares para a ação climática – Fávaro destacou que, para isso, a Embrapa já recebeu incremento de 46% no orçamento para este ano. E reafirmou que o PAP será apoiado nas diretrizes do programa ABC+, valorizando as práticas que priorizam a agricultura de baixo carbono e demais condicionantes socioambientais.
Desde o início do mandato, o Governo Federal vem reiterando em diversas oportunidades que pretende priorizar apoio às práticas sustentáveis de produtividade agrícola e à agricultura regenerativa, com concessão de linhas especiais de crédito, redução da taxa de juros e outros incentivos para que produtores adotem boas práticas produtivas. Também tramitam no Congresso diversos projetos que trazem outros instrumentos de políticas públicas de estímulo ao aumento da produção de alimentos no país, com mais sustentabilidade.
Para Reinaldo Bonnecarrere, diretor de Biológicos da Indigo (startup norte-americana especializada no desenvolvimento de inovações para uma agricultura mais sustentável), este caminho projetado para o Brasil precisará passar, necessariamente, por investimentos em pesquisa, inovação e estímulo à adoção de tecnologias de produção mais avançadas e sustentáveis na agricultura, que possam incrementar a produtividade sem aumentar a área cultivada ou impacto ambiental. “Tecnologias como a agricultura de precisão, a irrigação inteligente, a automação e a robótica podem ajudar nesse sentido. Os insumos biológicos, representarão essencial contribuição para a recuperação de áreas degradadas ou de baixo rendimento, e para maior produtividade dos cultivos, resultando na sustentabilidade econômica, social e ambiental almejada às atividades agrícolas no Brasil”.
Ele explica que produtos biológicos são capazes de promover o desenvolvimento de plantas mais saudáveis, produtivas e resistentes às variações climáticas e a doenças e pragas, com redução de demanda por insumos químicos. Além disso, têm papel especial nas práticas regenerativas de áreas degradadas ou de baixo rendimento, por promoverem a melhoria da qualidade e fertilidade dos solos por meio da fixação de nitrogênio e outros nutrientes, aumentando o potencial produtivo das lavouras e tornando-as mais rentáveis, competitivas e sustentáveis. “Isso é particularmente importante em um país como o Brasil, que possui uma grande extensão de terra cultivável, mas que também enfrenta desafios significativos em termos de degradação do solo e mudanças climáticas”.
Vale lembrar que, de acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), a população mundial chegará a 9,7 bilhões em 2050, quase 2 bilhões de pessoas a mais do que a população atual. Isso significa que, para alimentar essa população crescente, a produção mundial de alimentos precisará aumentar em cerca de 50% até 2050.
Bonnecarrere acredita que o Brasil seguirá em papel protagonista nesta missão, mas deve ser bastante cobrado para que alcance tudo isso com muito mais sustentabilidade. “Os insumos biológicos terão papel central neste potencial novo salto da agricultura brasileira em um panorama mundial. E se, de fato, o governo se comprometer em apoiar os produtores rumo à essa transformação sustentável, os resultados podem vir em curto prazo. Prontos para isso, nós já estamos!”
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