Dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), apontam que Mato Grosso do Sul aparece no top 3 dos Estados com maior proporção de mortalidade pelas chamadas Doenças Isquêmicas do Coração, seguido por Pernambuco e Espírito Santo.
Principais causas de mortes no País, o aumento nas doenças cardiovasculares é fortemente impactado pelo alto índice de glicose no sangue, é o que aponta o novo estudo do Intituto do Coração (Incor) da Universidade de São Paulo (USP).
Classificada como um “fator de risco modificável”, ou seja, aquilo que pode ser evitado se acompanhado, a hiperglicemia causada pela diabete não controlada é o motivo mais impactante no total, sendo que até 2040 está previsto um aumento de até 250% no Brasil.
Atualmente, conforme o Ministério da Saúde, aproximadamente 300 mil indivíduos sofrem o chamado Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), e em 30% – 90 mil casos – são registrados óbitos.
Pelos cálculos do Ministério da Saúde, um total de 750 mil pessoas – quase o equivalente a população de São Bernardo dos Campos (SP), ou mais de 3x a população de Dourados -, devem sofrer de infarto dentro dos próximos 17 anos.
“Vemos que diversos hormônios têm relação com doenças cardiovasculares e, por isso, as doenças endócrinas precisam ser levadas a sério, acompanhadas e tratadas de forma adequada”, comenta o endocrinologista Guilherme Borges.
Interligadas
Dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) estimam que, 14 milhões de brasileiros têm algum tipo de doenças cardiovasculares, sendo que 400 mil acabam vítimas desse tipo de enfermidade anualmente.
Segundo o Atlas do Diabetes, elaborado pela International Diabetes Federation (IDF), 15,9 milhões de habitantes do Brasil convivem com essa condição.
Como o médico ressalta, um diabetes descompensado causa um processo inflamatório que prejudica principalmente as camadas internas e a função dos vaos sanguíneos.
“Existe uma chance maior de doença aterosclerótica, de acúmulo de gordura nas artérias. Essas placas podem ser mais inflamatórias, podem se romper com mais facilidade e gerar eventos isquêmicos como, por exemplo, o infarto e o acidente vascular cerebral (AVC)”, destaca.
Importante ressaltar que, dados de diferentes entidades foram considerados no estudo do Incor, para cada fator de risco cardiovascular, sendo possível correlacionar a reducação de mortalidade e incidência com a redução nos índices de tabagismo.
Segundo a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), do Ministério da Saúde, praticar atividades físicas de forma regular, e reduzir o estresse – associadas ao controle do colesterol elevado e a uma alimentação saudável – tendem a reduzir em 80% esses óbitos.
Entre as formas de prevenção, pode-se citar:
- Abandonar o sedentarismo, o tabagismo e praticar atividade física, conforme orientação médica;
- Fazer trinta minutos de caminhada, pelo menos três vezes por semana, já é benéfico ao coração;
- Manter uma alimentação saudável, sem gorduras ou frituras, dando preferência às carnes brancas;
- Inserir vegetais, folhas e legumes nas refeições;
- Trocar a sobremesa calórica por uma fruta;
- Evitar o consumo excessivo de açúcar, massas, pães e alimentos industrializados;
- Restringir a ingestão de bebidas alcoólicas.
“Costumo dizer aos pacientes que exercício é remédio e é um remédio que você encontra nas diretrizes das mais diversas doenças crônicas que existem, desde depressão e ansiedade até doenças autoimunes, doenças osteoarticulares como a osteoporose e doenças metabólicas como hipertensão, diabetes, obesidade e sobrepeso”, complementa o especialista.
Ainda assim, vale frisar que não só o diabate deve ser levado em consideração e fatores que aumentam risco de doenças cardiovasculares, pois até o excesso de hormônios da tireoide pode aumentar o risco de arritmias e de morte cardiovascular.
Além disso, mudanças na hipófise, causadas pela rara Doença de Cushing, podem estimular as glândulas adrenais a produzirem muito cortisol, desencadeando um processo de acúmulo de gordura na região mais alta do tronco, obesidade, pré-diabetes e diabetes.
Também o sobrepeso e obseidade aparecem como ameaças à saúde cardiovascular, pois inflamam e aumentam o risco de doenças crônicas, de hipertensão e até de alguns tipos de câncer, como de endométrio.
Ministério da Saúde