As multas de trânsito nas rodovias federais tiveram queda de 21% em 2022. Segundo levantamento da Polícia Rodoviária Federal, feito com exclusividade a pedido do R7, foram 4,1 milhões de infrações registradas de janeiro a dezembro do ano passado, contra 5,2 milhões no mesmo período de 2021.
Mas o que chama a atenção é a multa campeã de aplicação, a de transitar em velocidade superior à máxima permitida em até 20%, que despencou 82% no último ano. De 2,2 milhões de infrações registradas em 2021, passou para 402 mil, em 2022.
O advogado Antonio José Dias Junior, coordenador da Comissão de Trânsito da OAB-SP (Ordem dos Advogados de São Paulo), explica que o motivo é a redução dos radares nas rodovias federais. “O governo anterior, do presidente Jair Bolsonaro, reduziu o número de radares fixos. Também foi alterada a resolução que tratava dos radares móveis, aqueles que são instalados em tripes perto das viaturas policiais. Isso acabou reduzindo o número de radares, de 8 mil para cerca de 1,5 mil. O que impactou muito nas infrações de velocidade”, afirma Dias Junior.
Além da suspensão de radares móveis em 2019, que depois foi revogada pela Justiça, em novembro de 2020, o Contran (Conselho Nacional de Trânsito) proibiu os radares ocultos. Resolução determinou que todas as vias monitoradas devem ter placas indicando a velocidade máxima permitida, com medidores visíveis.
Os trechos monitorados e a localização dos radares também devem ser divulgados na internet.
Para o coordenador da Comissão de Trânsito da OAB, isso acabou afetando a fiscalização. “Infelizmente não foi uma conscientização do motorista que fez as multas caírem. O que acontece realmente é que a fiscalização ficou mais afrouxada”, avalia o advogado.
Ele explica que, em termos de segurança no trânsito, a diminuição de radares nas rodovias preocupa bastante.
“Infelizmente o motorista brasileiro não tem prudência. Ele pensa o seguinte: ‘se não tem ninguém para me multar, eu vou exceder a velocidade daquela via’. Só que, quando a via tem uma velocidade determinada, é porque houve um estudo anterior. Quando você retira o medidor de velocidade, radar móvel ou fixo, você encoraja o motorista a não respeitar os limites de velocidade”, concluir o advogado Antonio José Dias Junior,.
Até o momento não há nenhuma sinalização do atual governo no sentido de voltar como era antes, tanto o número de radares fixos como o de radares móveis. No entanto, Dias Junior defende uma campanha de conscientização.
“Não é só multar por multar. Nós precisamos trazer o motorista para entender o errro que ele está cometendo. E a educação começa na escola. Se nós formarmos alunos mais conscientes sobre o trânsito seguro, nós teremos um reflexo futuro de motoristas mais conscientes da velocidade, de não beber e dirigir e de não usar o celular enquanto dirige também”, avalia.
R7